terça-feira, 10 de janeiro de 2012

O amor.



Estava agora escutando Djavan e pensando. Vejo tão pouco desse amor sincero, que ele canta em suas canções, nos relacionamentos dos dias de hoje...
Entre tantas e tantas canções, vou citar "Oceano", essa tão conhecida, mas tão pouco compreendida e praticada por nós, seres humanos. Não vou me prolongar muito. Bastam dois trechos, pra contrastar com aquilo que sinto em relação ao mundo moderno de hoje, que as pessoas descrentes no amor, implantam cada vez mais dentro delas.


"...De tudo que há na terra
 não há nada em lugar nenhum
que vá crescer
sem você chegar
(...)
"Você deságua em mim e eu oceano..."

A maioria, a grande maioria das pessoas, não querem ser oceano de ninguém. Geralmente, sem nem se dar conta, cada um destina desse oceano, uma  porção de areia, ao outro. Uma porção de grãozinhos, bem egoísta e pequena. Uma migalha. E com esse pequeno montinho, o que conseguem construir é um castelo. 
Um castelinho de areia.
Todos sabemos o que acontece com castelinho de areia.
(...)
Me recordo agora, de um trecho de J.D. Salinger, se não me engano, um trecho do livro Pra cima com a viga, moçada! Seymor - uma introdução, onde ele escreve:

" Seymor disse uma vez que tudo o que fazemos durante a nossa vida inteira é nos movermos de um pedacinho de Terra sagrada para o próximo."

Veja que "Terra" vem com letra maiúscula. E note também que ele não diz simplesmente um pedacinho de terra qualquer. Ele nos fala de "um pedacinho de Terra sagrada" . 
Ambos, Djavan e Salinger, falam de pontos de vistas diferentes, mas com o mesmo intuito: o de se doar. 
O de ser parte (Terra), mas ser todo (oceano). Falam que sem o "próximo", sem "você", não há nada para "mover", para "crescer".

O que as pessoas precisam começar a praticar, entender e sentir verdadeiramente, é que para doar-se no amor, não precisa do Facebook pra demonstrar; e que também não precisa de presentes caros para ser exaltado ou medido pelo valor material. Até por que, o amor é por si só, imenso e desmedido.
Amor é o que muito bem retrata Salinger, Clarice, Drummond, Quintana e outros tantos escritores; o que canta tão bonito Djavan, Chico, Itamar Assumpção, Lenine, John Lennon e outros tantos compositores.

E ainda assim, quero desdizer tudo o que disse e o quê dizem sobre o amor.
Simplesmente porque não cabe palavra, imagem, som e nem silêncio. 
Amor é Além...






sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Me compondo.








Acho que encontrei o tecido "integral".
Quer saber? Apesar do medo, a cada dia, me bordo um pouquinho mais nele.



quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Guardando a colcha de retalhos.

A vida da gente é meio como uma colcha de retalhos. Vamos compondo um tecido no outro, e quando vemos é uma mistura de cores, texturas e tipos de tecidos. Retalhos não precisam combinar.
Como nossa vida, vão se tecendo uma época em outra, divididas apenas pela sutil linha do tempo.
Onde há costura, há junção de partes, e ironicamente, há também a separação.
De um lado uma costura, de outro lado, outra. Tudo isso, em decorrência simplesmente de uma coisa só: nossa vida. 
Pessoas, cidades, momentos, casas, amigos, amores, namoros, verdades e mentiras, cada coisa dessa, um pedacinho de vida, uma costura grande, mas todos de tamanho quase sempre finito. Justamente por isso, "pedacinhos" é que compõem uma colcha de retalhos. 
Sendo colcha, nos pegamos constantemente com ela no colo. E alguns pedaços acariciamos, outros admiramos, outros sentimos orgulho e damos graças por ter superado, outros dedilhamos com a palma bem leve e suave, outros levamos bem perto da face para sentir o cheiro, outros queremos fechar os olhos e só simplesmente observar; como obra de arte; como o pôr-do-sol ou como a maré ao final da tarde. 
Acho que isso é sintomas de algo que percorre nossa vida, que faz do ontem, ontem, do hoje, hoje. Falo da saudade... 
Até que ponto é saudável viver recordando pedacinhos dessa colcha de retalhos da nossa vida? 
Acho que não quero mais viver de nostalgia. 
Querer voltar é utopia, até porque no fundo mesmo, não queremos voltar. Olhar pra isso tudo, com esperança de um futuro de tecidos melhores, mais resistentes, mais abrangentes, talvez seja um bom caminho. 
Não. 
Eu não quero mais uma colcha de retalhos. Eu quero uma colcha integral para me vestir. Quero me despir de retalhos velhos.
Esse corpo anda cansado demais de só lembrar, lembrar e lembrar... Estou mesmo cansada.