segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Des-culpa.



Hoje escutei uma coisinha que me deixou meio intrigada.
Uma pessoa do meu trabalho, ao falar sobre sua avaliação do ano de 2011, na escola, disse ao final do seu discurso, o seguinte:

"-Não vou pedir desculpa por aquilo que cometi durante o ano. Até porque, o ano está acabando. Tudo já foi. Passou."

Fiquei com a sensação de que foi meio orgulhosa, no momento em que disse essas palavras. Mas logo depois, fiquei pensando nisso.
As pessoas, e aí também me incluo, pedem o tempo todo "desculpa", como se fosse a solução de todos os erros. Como se também não fossem praticá-los mais. E nós sabemos, raramente não os cometemos novamente. Então, acho que essa pessoa foi é corajosa.
A presença do des, muitas vezes nos conforta da "ausência de culpa". Como se em um passe de mágicas fosse des-fazer algum mal cometido.
Eu sei que é importante reconhecer um erro e pedir perdão. E como é importante!
Mas tomemos mais cuidado com essa palavrinha, pra que não vire mais uma expressão, como aquele "bom dia" automático, dado ao porteiro do prédio, sem nunca ter lhe olhado a cor dos olhos e do sorriso.
Desculpa, é como falar do amor que se sente. É preciso construí-lo com bom alicerce. Caso contrário, é só palavra.

domingo, 27 de novembro de 2011

No alarms and no surprises.


Continuo quietinha, quietinha...
Atenta. Ouvindo pós-voz.
Parada no que me cerca com tanto zelo, cuidado e respeito.
Em movimento, venho sentindo o amor construir, crescer, fortalecer, realizar, ser.
Vivendo o silêncio da pausa de longas conversas, o silêncio do movimento e da pausa de longos beijos. Falo do silêncio na hora do amor. Do pós-voz, no momento de admirar, ouvir, compartilhar, acariciar, abraçar. O pós-voz que os olhos falam por nós. De silêncios necessários pra deixar fluir o amor.
"No alarms and no surprises."
Sem que nesses intervalos, seja necessário publicar, divulgar ou descrever( "silent silence").
Sim, elas existem. As palavras. Mas dessa vez, elas são só dele. E as dele, eu visto e costuro do lado de dentro. Sem apertar, nem sobrar. Só me cobrir e habitar aquilo que também sinto. As palavras dessa vez são guardadas para nós dois.
Que me perdoem os queridos, Los Hermanos, mas hoje, ninguém precisa mais me olhar na fila do pão e saber que eu o encontrei. Ou então, que nosso amor é "tão diferente assim".
Ora, o que teria de "tão diferente assim", se leva no nome amor, Amor?
Pra mim, o amor já basta em si "o além".




quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Falta texto?

As palavras estão guardadas em algum lugar que eu não sei descrever.
Longos silêncios num olhar mestiço, estão me fazendo apenas sentir.
Me entregar a um só amor é algo realmente novo, em toda essa minha vida.
Afinal, o meu coração sempre tão dividido, hoje, é um só coração, o meu.
E nesse "meu", o "dele". O dele de mãos dadas comigo, na entrega deliciosa de amar uma pessoa só.
Estou aprendendo a absorver os sentires.
Depois eu falo. Depois eu escrevo.

Um texto agora pra quê?




quinta-feira, 21 de julho de 2011

Amar é punk.

Fernanda Mello me traduz nesse vídeo.


"Eu quero a sorte de um amor tranquilo..."

Muito bom dia e alegria a todos que por aqui passar.

terça-feira, 19 de julho de 2011

A mensagem que não enviei, 2:24 da manhã de hoje.

Perdi o sono e comecei escrever no meu caderno. Quando me dei conta observei que estava em busca de uma palavra. Como se no momento "a palavra" pudesse ao mesmo tempo ser e ler.

"pela lógica (ilógica), é madrugada, era pra você estar escrevendo, como de costume. Mas hoje, por algum, ou nenhum motivo, sou eu quem escreve, sem nem saber o quê escrever.
Deixei agora de pensar e escrevo tão somente por me fazer o quê agora só posso ser, palavra.
E a minha palavra agora é você. Sem uma longa explicação, sem uma história com pano de fundo cor de rosa.
Eu procurava uma palavra pra me despir e me compor, e então encontrei um V.
Você. Uma palavra que me compõe agora."


Daya.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

.uns trinta dias depois

-amiga estou sentindo um medo diferente...
-como assim?
-um medo novo...
-mas medo do quê?
-de ser feliz...

Me lembro de logo depois, ao fim do meu último relacionamento sério, pensar, ou melhor, desejar inconcientemente, um amor para minha vida. Não era algo claro em meus pensamentos, nem idealista. Era algo como um sonho, onde não se pode ter controle daquilo que é parte da gente, mas nunca sabemos de onde vem e nem para onde vai. Eu só sei que vez e outra esses "desejos" vinham no mais íntimo de mim. Tanto que, nunca cheguei a falar pra ninguém. O máximo que conseguia era relacioná-lo com um personagem de filme (Joseph-Gordon-Levitt), especificamente, no filme "500 days of Summer". Então, sempre inconsciente, buscava fotografias dele e até mesmo postava. Era como se um presságio me afirmasse que ele estaria para chegar. Cheguei inclusive a escrever isso em uma das minhas páginas sociais aqui da internet.

Uma pessoa surgiu nesse tempo, (é nítido aqui no blog). Mas eu sabia, não era nada parecido com essa pessoa que às vezes eu pensava. Era uma paixão desenfreada e sem futuro. Dei espaço a ela e arrisquei saber que sentido e importância isso tinha em minha vida. Aprendi muito com essa pessoa, mas Deus foi pronto em me mostrar que essa pessoa não queria ter um sentido em minha vida. Secando lágrimas, coloquei um ponto final.
Então, em uma das noites mais insanas e estranhas da minha vida, onde me sentia, mesmo que em meio a uma balada, perdida, sozinha, com medo e pequena, ele surgiu no escuro com uma música e segurou a minha mão. Quando o olhei, senti algo mais estranho do que a noite, mas o sentimento de medo agora começava a tomar outro rumo. Me lembro de puxar uma amiga e dizer "De onde ele surgiu? Onde estava até agora?".
Apesar de muitas semelhanças com o personagem do filme, devo admitir: é ainda muito melhor. É melhor porque é real, porque ele existe!

Bem, passaram-se pouco mais de trinta dias. Está tudo muito calmo. Não há muito a dizer por aqui, embora haja muita palavra querendo sair de dentro de mim. Mas, talvez dessa vez, eu simplesmente não queira. Assim como ele pensa e me escreveu "prefiro sentir e vivenciar isso contigo", eu também espero dessa forma, simples assim. Continuo firme de que "paixão é para os fracos", e amar é construção. Mas por enquanto, quero apenas deitar para dormir e saber que alguém em meio a tanto barulho, susto e tempestade tem me feito "deixar o sol sair".

E medo, vê se dá um tempo.
Felicidade, aí vou eu.

Daya
(vídeo enviado por ele, no dia do meu aniversário)

:)


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Destino?

De repente, um acontecimento muda todo o percurso da nossa vida. Vai saber?
Eu não espero nada. Mas havendo possibilidade, havendo disponibilidade e entrega, já valeu a tentativa de "compartilhar alguma coisa com alguém, se arriscando ser eu mesma". Sem jogo, sem máscaras, sem surpresas.

Eu ainda não sei dizer, vou vivendo um dia de cada vez e, quem sabe, talvez, muitos textos bonitos brotem de tudo isso?

D.







sábado, 11 de junho de 2011

Já passou!

A música de Marcelo Camelo e a minha mãe têm mesmo razão:
Tudo passa.
Veja, já passou!


"Eu você e todos os encontros casuais
os ais e os hão de ser
e todos os casais também
olha, acho até que quem achou que nunca ia
esse ia se espantar de ver que o ódio e o amor
e até eu vou pra ver no que vai dar
a massa a moça
e até esse pra sempre

tudo passa"



...e essas asas.

Estar só devia ser um pressuposto de que estou livre, que posso voar para onde quiser. Mas quando estar só, só faz encontrar solidão, então é hora de do alto deste céu, procurar um pouso. Chega. Eu quero repouso.
Existe alguns caminhos apontando a direção, porém, há um leão calando o coração.


Mas como diz minha mãe, "Vai passar, filha. Vai passar..."




quarta-feira, 8 de junho de 2011

Avôzinho, Irineu.

...e ficou uma vontade enorme de dizer a ele, aquilo que sempre nos falava no momento de ir embora:

"-...Mas já vai? É tão cedo, ainda. Fica mais um pouco..."





segunda-feira, 6 de junho de 2011

Meu bem querer.


Tem uma hora que alguém precisa romper o silêncio.
Eu sei que isso dobra o medo.
Mas eu anseio como nunca, aquilo que há por vir.
Aceito os meios dos ventos que virão
te trazendo para perto de mim,
ou
te levando para longe.
Hoje simplesmente não receio mais.
Não faço esforço pra você gostar de mim,
por que gostar é um ato incompreendido,
para tanto, não existe pedido.
Então, se você gostar de mim, assim será, de qualquer jeito
mesmo eu cheia de eus imperfeitos e de tantos defeitos.

Meu bem querer,
só espero de você
o que você querê.

E assim sigo ilesa,
Sem alarmes e nem surpresas.



quinta-feira, 2 de junho de 2011

Sem palavras.

De hoje em diante não chamo mais ninguém de "amor", a não ser que haja merecimento. As pessoas habituam falar delicadezas a qualquer hora, e depois já não sabem mais o sentido que as palavras realmente querem transmitir.
Estou farta de romantismos irreais dos quais, por anos, fiz parte. "Amo você para sempre", "Você é minha vida", "Meu tudo", "Você é meu melhor presente", "Você é o amor da minha vida", "Minha estrelinha", "Meu pirulito", e milhões de apelidos doces, que só existem para camuflar na aparência de um relacionamento perfeito, do qual eu também já fiz parte (por muuuitos anos) e sei, é só uma cortina de fumaça.
Troco todo esse tipo de romantismo, todos os apelidos, todas as mensagens, bilhetes e cartinhas de amor, por um relacionamento maduro, formado de duas pessoas querendo dividir apenas o chão, e um pedaço de terra sagrada do seu coração.
Quero descer no mais íntimo de alguém e ouvir coisas que a boca do corpo não sabe traduzir.
Chegar bem perto de um coração e poder realmente descansar em um peito que não me faça escutar batidas de um coração aos pulos só pra ouvir "olha, bate por você". Não, eu não quero um coração metaforicamente dando batidas por mim. Quero só um peito que, de vez em quando, possa me acolher e me permitir fechar os olhos, numa manhã de domingo, e num transe entre sono e realidade, me permitir sem susto brusco, abrir calmamente os olhos.
Não quero alguém que me faça refletir no tamanho do seu sentir, já faz tempo que parei de medir. Quero alguém apenas disposto a dividir comigo a sua companhia, demonstrando ser livre, ter a sua vida particular, sendo consciente de ser um ser único e individual no mundo, como todos somos, e mesmo assim, por opção, querer estar comigo, se arriscando sentir esse mistério que é olhar na mesma direção, nesse intervalo entre um ser e o outro.
Sei que estou sendo repetitiva com essa palavra "quero", é por isso que devo ressaltar e deixar bem claro que cansei das palavras. Das dos outros e das minhas também.
A minha busca é uma comunicação alternativa, sem mais palavras bonitas.
É sentir, ao decorrer dos dias, que relacionamento é primeiramente construção.
E assim, com o passar do tempo, dos anos, viver apenas de uma só sincera comunicação: o amor.

Daya Moraes.


sábado, 21 de maio de 2011

Sobre os clichês.

Há tempos eu concordo com Lulu Santos que canta "nem sempre é so easy se viver", mas também há tempos eu não escuto, ou leio nada de novo. As vozes parecem repetir a mesma melodia sempre. Até eu mesma, não suporto mais ouvir a minha mesma composição.
Dizer aqui que busco algo novo, é clichê demais. Todo mundo diz isso o tempo todo. Então, o que escrever, o que dizer?
Quero escrever sobre a felicidade. Quero falar sobre o lado bom de se apaixonar. Quero escrever sobre entrega, sobre afeto, sobre relacionamentos saudáveis e fidelidade. Mas como escrever, se eu também não tenho nada novo pra falar de mim em todos esses assuntos? Sou "uma garota igual a mil", ou mesmo um ser humano igual a mil.
Então em nome de todos, me pergunto: Não estaríamos todos na busca incessante do mesmo objetivo? Por mais clichê que pareça?
Por que então não assumir de uma vez que essas coisas clichês fazem parte de tudo que necessitamos e ponto final? Por que embora sejam clichês, canções velhas a repetir sem parar, continuam sendo as mais importantes, e justamente o que não conseguimos alcançar?
Nessa minha fase "solteira" tenho aprendido ou desaprendido muito sobre as pessoas e sobre a minha pessoa. Ninguém quer parecer deixado de lado, mais ninguém quer doar um pedacinho de terra sagrada do seu coração a ninguém. O outro é sempre aquele que quer nos atingir, nos enganar, nos passar para trás. Mas, peraí! Do ponto de vista alheio eu também sou o tal do outro. Também tenho ferido pelo menos algum coração. Também tenho me esquivado para não me envolver. Também tenho muita insegurança em doar um pedacinho de terra sagrada do meu coração. Eu quero um lar, mas o que sou para o outro, um castelo de areia?
Estou hoje tão cansada de pensar no que o outro está pensando. Alguém nesse momento deve estar também cansado de pensar no que estou pensando. Que tal sermos todos sinceros? Jogo limpo, somente a verdade, nada mais que a verdade? Será que tem alguém disposto a pagar o preço de se "abrir"? Será que estou disposta a me abrir?
Se "ele" estivesse aqui na minha frente agora, e eu estivesse disposta a me abrir, (vamos lá, Daya!), o que diria? Faria um longo discurso? É isso que é "abrir" o coração?
Sinceramente, não acredito que seja isso "abrir" o coração. Em principio, materializar em palavras aquilo que sentimos não tem nada a ver com demonstração de afeto. Falar, falar e falar é bom sim, depois de ter entrado em contato com o mais íntimo do outro.
Para abrir o coração bastaria, acredito eu, simplesmente olhar o outro nos olhos. Ou então, deixar ser olhado.
Digo isso pois, nesse tempo "solteira", aprendi que tem duas coisas principais que a maioria das pessoas tem muita dificuldade em fazer, que é olhar realmente nos olhos e andar de mãos dadas.
E o mais triste é que, extinto essas duas atitudes primeiras para o envolvimento, e o tal do"abrir" o coração, é o fato que, sem nenhuma intimidade, ambos violam com o que deveria ser sagrado. E não digo isso me referindo ao ato de ser romântico, não quero ser demagoga. Digo isso por considerar que entregar o corpo a alguém que nunca olhou nos olhos, não segurou a mão, e definitivamente, não conhece nenhum pouco, não acrescenta nada a ninguém. No fundo ninguém quer algo que não acrescenta nada. Quer-se no momento possuir, sugar e penetrar no mais íntimo da outra alma. Mas que alma? Não tem alma de nenhum dos dois. Tanto que, ao afastar os corpos, paira o vazio, o vácuo profundo, o "estranho", a ausência de Deus, que nada mais é do que o intervalo entre eu e o outro. E o que fica?
Francamente, porque não somos todos o que queremos ser? Por que medir a altura da pedra mais alta? Por que sonhar a dois acabou ficando de lado? Por que tem bastado às pessoas "ficarem" com várias pessoas por apenas um momento, e nunca se permitir/sentir o prazer de olhar nos olhos e segurar a mão de alguém enquanto se caminha para o desconhecido?

Meu texto não é novo, eu sei. A ladainha é a mesma.
E mais uma vez, esses clichês, cansados de não ganharem vida para SER, continuarão fadados em palavras como essas. Presas aqui e prestes a morrer ao final de mais um texto no mundo.




domingo, 15 de maio de 2011

Mais ou menos.

Quando rimos um do outro, é mais
Quando sorrimos e não compartilhamos, é menos
Quando você me chama de Daya, é mais
Quando você me chama de Cara, é menos
Quando você me fala qualquer coisa que vem a sua cabeça, é mais
Quando você pensa demais pra falar de menos, é menos
Quando você me olha, é mais
Quando você se esconde, é menos
Quando você me beija, é mais
Quando você me deixa imaginando se quer beijar, é menos
Quando você é sincero, é mais
Quando não quer ser, é menos
Quando pega na minha mão, espontaneamente, é mais
Quando anda na minha frente, é menos
Quando me abraça e me aperta bem forte, é mais
Quando me deixa imaginando se quer abraçar, é menos
Quando você diz e faz, é mais
Quando diz e não faz, é menos
Quando ficamos e me lembro de tudo que dizemos um ao outro, é mais
Quando nem você, nem eu se lembram, é menos
Quando você chega, é mais que demais!
Quando você vai embora, é menos que demenos!
Quando você faz acontecer, é mais
Quando deixa ao acaso, é menos
Quando eu sinto você perto, é mais
Quando sinto um outro qualquer perto, é menos
Quando estamos juntos, é mais
Quando perco o sono, é menos
Quando você canta, é mais
Quando quero cantar, mas fico tímida, é menos
Quando você deixa escapar um pouco do seu universo, é mais
Quando mascara até os dedos, é menos
Quando sei o que devo fazer, é mais
Quando sei que faço o contrário do que devo, é menos
Quando tenho consciência que sei que nada quer, é mais
Quando me deixo levar pela primeira olhada que me dá, é menos
Quando sinto que poderia amar você, é mais
Quando sinto ser só paixão, é menos
Quando você pede e demonstra o que quer, é mais
Quando você cala, ou pergunta se quero, é menos
Quando sinto que é destino, é mais
Quando sei que é só coincidência, é menos
Quando eu sinto que é metade,
meio,
parcial,
mais ou menos,
então nada posso saber
Mais ou menos, magoa.







quarta-feira, 4 de maio de 2011

Conversando com Pedro e João.


PARTE 1 - Pedro, 11 anos.

- Pedro, que história é essa que está namorando a Talita, agora?
- Eu não!
- Mas ela disse que está!
- Ah! Então eu tô! (risos)
- Mas e a Pamela?
- Ah! Ela falou um montão de coisas, me xingou, falou que me odeia! Daí mandou não falar mais com ela...
- E o que você fez a ela, pra que te tratasse assim?
- O pior é que eu nem sei...
- Mas você disse que ela "falou um montão"...
- Éh, mas não falou o motivo (...) que eu me lembre (soltou outra risada)

(PARTE 2) João, 11 anos.

Então, João, melhor amigo do Pedro, entra na conversa.

- Ei, professora, eu também já namorei a Talita...
- Ah, é??!!
- Éh...mas não deu certo...
- (risos da professora) O que aconteceu?
- Ah! Ela me ligava o dia inteiro (...)
- E você disse isso ao Pedro?
- Disse...ele falou que nem rola de dar o telefone dele pra ela, não (...) Mas eu bem vi que pelo tanto de cartas que ela já mandou, também não vai dar certo não (soltou uma longa risada)
-(...)

segunda-feira, 2 de maio de 2011

((((((saudade))))))

Vermelho - Marcelo Camelo

Às vezes eu só quero descansar
Desacreditar no espelho
Ver o sol se pôr vermelho

Acho graça
Que isso sempre foi assim
Mas você me chama pro mundo
E me faz sair do fundo de onde eu tô de novo

Nada sei dessa tarde
Se você não vem
Sigo o sol na cidade
Pra te procurar

Eu bem sei onde tudo vai parar
Já não tenho medo do mundo
Sou filho da eternidade

Trago nesses pés o vento
Pra te carregar daqui
Mas você sorri desse jeito
E eu que já perdi a hora e o lugar
Aceito.

Nada sei nessa tarde
Se você não vem
Sigo o sol na cidade
A te procurar

Nada de meu nesse lugar
A cidade vai pensar
Que nada aconteceu em vão
Você *não* vai me ligar então mais uma vez

http://www.youtube.com/watch?v=sabaPgXP7Zc






sexta-feira, 29 de abril de 2011

Aos moderninhos e moderninhas.

Que me perdoem os mais moderninhos e moderninhas, mas não há nada mais asqueroso, horroroso do que o termo "A fila anda".
Fico pensando, "que raio de fila é essa?"
Quando essa frase chega aos meus ouvidos, eu logo visualizo os meus alunos me implorando pra não andarem mais em fila. Todo mundo odeio fila. Ou tem algum trouxa aí, feliz em fazer parte de uma fila?
Sim, sim, eu sei. A frase é uma analogia com o fato das pessoas NÃO criarem vínculo algum, uma com as outras. Devo admitir, uma perfeita analogia, não tenho dúvida! Por que oras, não há vínculo em uma fila! Uma fila é um e nunca dois. E acredite, nesse tipo de fila, (que os mais moderninhos e moderninhas adoram abrir a boca pra dizer), ninguém é o primeiro da fila, nem nunca será. Você olha pra frente e vê o outro de costas pra você, enquanto atrás de você, existe alguém que nunca saberá as cores da sua verdadeira face.
(...)
Bem, digam o que quiserem, cada um com seu modo de viver, eu não tenho nada com isso. Só não me digam que [eu] estou numa fila, e pior ainda, que "a fila anda". Como se o fato de um corpo no espaço mudar de lugar, ter qualquer relação com aquilo que se sente. Tsc, tsc, tsc!
Para estar numa fila é preciso se posicionar em uma. E sinceramente, jamais estarei em fila alguma desse tipo. Sou livre demais pra estar alinhada como boi numa vaquejada.
Então, por favor, ninguém me diga uma coisa dessas. Meu coração não anda em fila, portanto, moderninhos e moderninhas de plantão, não me incluam em uma!
Obrigada!

D.



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Página do diário.


Acabo de abrir o meu diário para escrever e, como sempre, tenho a terrível mania de sempre reler minhas últimas confidencias. Então não consegui escrever nada. Só fiquei passeando os olhos por aquelas palavras que saltaram para a cabeça, o coração e as mãos. E são delas que vão as seguintes palavras de lá. Pela primeira vez, vou publicar uma página do meu diário...

Campinas, 10 de abril de 2011

Ao penúltimo romance.

Acabei de escrever o local e data acima e fiquei um tempo refletindo nisso.
Vou ser direta. Hoje comemoraria 6 anos de namoro.
Como uma história bem narrada, com uma bela direção, fotografia, imagem, roteiro e dois personagens principais, volto ao início e percorro em questão de segundos o caminho até onde estou.
Bem, por incrível que pareça não chorei (ainda).
Não me sinto triste também. Parece que de repente algo em mim comemora, mesmo que sozinha, tudo aquilo que passamos, e que sempre estará naquele lugar em que "só nós conhecemos, até ir na lua e de volta".
Acho sim, um tanto estranho a forma como tudo terminou. Às vezes, ainda acordo e acho que estamos juntos. Que ao cair da tarde ele vai me mandar mensagens carinhosas. Que vai querer saber como foi minha aula e até mesmo perguntar de algum aluno, que de tanto me ouvir falar, já tomou certo afeto.
Às vezes, no escuro do quarto, deitada para dormir, ainda acho que só fecharei os olhos para realmente dormir, depois do seu "boa noite", tão amoroso, pelo telefone.
(Maldito telefone!)
Às vezes também fico recordando passo-a-passo do nosso último encontro. Da última noite de amor. De acordar nessa última noite pela madrugada e sentir seus olhos em mim, me admirando, com um carinho nos cabelos (seria já sua despedida?).
Me lembro daquela manhã, que chovia uma garoa fina e fria. Descendo a XV de Novembro, abraçados debaixo de um só guarda-chuva. Descemos em "silêncio", aquela que seria a última descida juntos. O último beijo, meu último e seu penúltimo "até logo, amor". E por fim, o último abraço. Ah, se eu soubesse que aquele abraço seria o último, teria levado mais tempo e o feito perder o ônibus de volta a cidade grande.
Sim, agora eu já estou chorando.
O coração ainda acha que foi trote de mau gosto. Que o "roubaram" de mim.
O tempo sem vê-lo me traz a saudade do que ficou, do que em mim permaneceu intocável, como a primeira vez que o vi.
Saudade que ainda se faz maior, maior até do que a ferida que o tempo "depois" me fez.
Ele hoje está feliz! Eu compactuo com o desejo no Universo para que ele seja sempre feliz. E no duro, fico muito orgulhosa de mim, por depois de tudo, desejar realmente isso a ele.
Talvez, tenha sido mesmo melhor não ter ouvido de seus lábios e visto em seus olhos o "adeus" que, embora ainda falte, nunca se fez tão presente a cada fim do dia.
Agora, seco as lágrimas singulares e com o sorriso que me deu antes daquele show, nesse mesmo dez de abril, seis anos atrás, procuro sentir de novo que um dia compartilhamos o amor apaixonado. O amor que me fez deixar tudo que era certo, seguro, que me fez quebrar preconceitos e padrões de vida. Que me fez conhecer "cellar door" e me ensinou a buscar o infinito. Que, enfim, ainda hoje, me faz aprender que o amor é construção, é tempo de convivência. O amor são fotografias amareladas, por todos os cantos de uma cidadezinha do interior. Me ensina sobretudo que o amor veio com ele (matéria), mas não vai embora nunca. Porque a maior prova de que entre nós o amor existe é que, ainda que o amor necessite de "asas nos seus pés, ele também mostra que existe alguém para me libertar.

Sinceramente, faria tudo de novo. E de novo.

Um brinde por nós dois!
Um brinde, ao nosso penúltimo romance.

D.


sábado, 23 de abril de 2011

Tamanho do que tem pra dar.

Um abraço que me curva toda a cintura
Um beijo que me seca a amargura
Um sorriso sem juízo
Uma música que canta tão bonito.
Uma palavra ausente,
por que nada sente?
Isso você tem pra dar.

Não quero pensar em mais.
Não quero idealizar mais,
Pra que contar com o azar?
Aceito sim, o tamanho do que tem pra dar
Nem precisa marcar, é só me olhar
deixar o coracao falar.
Falar, se tiver realmente pra dar...





quarta-feira, 20 de abril de 2011

Marcas do tempo.

Daqui algumas horas pretendo viajar. Digo "pretendo" porque ainda não me decidi. Não sei realmente se devo ir. O coração diz "Vai sim, e entregue-se, aproveite o momento", a razão diz "Não vá!". Mas essa é outra história!
O fato é que, eu precisava de uma mochila menor para evitar levar tanto "peso", e acabei encontrando uma mochila que num tempo "passado" dei de "presente". Olha só essa palavra "presente"! Era pra estar presente para a pessoa a quem se destinou, não era? Mas como diz Allanis "a vida tem um jeito engraçado de aprontar com você...". O consumado "presente" é que eu acabei com essa mochila. E a mochila que era minha, acabou fazendo parte da última lembrança, daquele dia do "adeus", que somente meus ouvidos escutaram "até logo"...

Enfim, quando abri a mochila, achei uma cartinha escrita por mim que, só pra constar de novo, foi dada de "presente". Está comigo, mas não é minha.
Ou será que é minha agora?

Ela diz assim:

"É hora de arrumar as malas.
Sei que você vai cheio delas: uma com camisetas sujas, meias imundas, cuecas (essas limpas, eu espero - hehehe), enfim, malas lotas e pesadas.
Mas se você for parar pra pensar, aquela mochila que levamos nas costas contém sempre as coisas mais importantes. Simples, mas essenciais para que a nossa viagem fique menos angustiante: um livro (que nunca terminara de ler, mas que leva consigo uma fotografia dentro :)); um caderno, que você pode escrever tudo o que estiver sentindo (e que carrega uma mensagem de amor na contra capa); o seu terrível e inseparável maço de cigarros; sua carteira; e até uma cartinha escrita sob a inspiração de sua própria mochila.
E essa mochila ainda pode ir contigo em todas as paradas que o ônibus der, (durante uma viagem, vai ser ela quem estará sempre com você).
Além de tudo isso, essa mochila é a única coisa que você vai precisar, se por acaso uma saudade apertar...
Escolhi seu presente com o coração.
Espero que goste.
Um beijo terno,
Dayane

Piracicaba, 21 de dezembro de 2005.
(ouvindo radiohead - "High and dry")

Revendo e relendo essa cartinha entendo o porquê sempre tive a maior preocupação em colocar data em todos os meus manuscritos. E não só nos meus, nos que recebia dele, também. Ele sempre dizia que não precisava de data. Eu nunca deixei de colocar.
No fundo, bem lá no fundo, eu queria guardar a data, pra saber que um dia aconteceu, que foi real. Que foi verdadeiro.
Mas agora, o que me importa esses números do calendário gregoriano, na ordem dos acontecimentos da minha vida?

(Puxa! Como sempre, ele continua com a razão).

E eu, o que faço com essa mochila que voltou obedecendo minhas próprias palavras
"é a única coisa que vai precisar se por acaso, uma saudade apertar"?
Ela contém apenas a cartinha.
Mas, não tenho dúvida. Se resolver viajar, vou mesmo com a mochila maior.
Sou incapaz de carregar a mochila menor com tamanho peso.

...

Daya, (sem data).








quarta-feira, 13 de abril de 2011

Febre de viver de uma garotinha.

Minha irmã me pediu para escrever um texto esperançoso. Que grande desafio! Será que eu consigo?

Bem, o pensamento não foi muito longe até que procriasse, nos meus instintos, um texto, ou mesmo poucas palavras com tal poder, não sei se esperançoso, mas pelo menos real.
Me recordei de hoje cedo. Enquanto comia o meu lanche na sala dos professores e ouvia duas mães conversarem. Uma se queixava com a outra sobre o fato de seu filho, de uns sete anos, (imagino) ainda não conseguir andar de bicicleta. Então de repente, minha infância veio atravessar o meu mundo adulto.
Primeiro, porque uma das primeiras coisas materiais que desejei, foi uma bicicleta. Não uma bicicleta qualquer, mas uma "Ceci", grande, de cor rosa. E levei um bocado de tempo até conseguir uma. Embora não tenha realmente levado um bocado de tempo.
O fato é que, quando se é criança, a noção de tempo não é parecida com a de hoje, como quando sentimos a dor de uma separação, desilusão. O tempo então parece interminável, ainda que só tenha passado 24 horas. Mas nesses anos incríveis não. Nesses anos incríveis, o tempo não vinha acoplado com a ideia de esperar, e sim de conquistar, ou melhor, de ESPERANÇAR! Vibrar quando passava numa loja e avistava aquela que já afirmava "minha bicicleta". Era o tempo de desejar!
Enfim, não levou tanto tempo e logo adquiri a bicicleta.
Segundo, porque me recordei que quando criança, não precisei de rodinha e de alguém para segurar a bicicleta enquanto eu tentava as primeiras pedaladas.
Me lembro claramente, do meu pai e eu estarmos numa pracinha. Eu, com a bicicletinha vermelha de uma das minhas irmãs. Papai me falou um pouco de equilíbrio e de olhar sempre distante, nunca para a roda ou para o chão. Então, sem me segurar nem nada, eu dei as primeiras pedaladas. Tortas e desajeitadas, mas dei. E não me lembro de ter caído nesse período de aprendizagem. Mas é claro, levei belos tombos depois que já me sentia íntima e segura na minha bike, (como tudo na vida, não existe segurança. O mundo não é seguro, a vida é sempre um grande risco, e que delicioso sintoma de viver!).
O mais curioso é que não tenho mesmo lembrança de sentir dificuldade em aprender a andar de bicicleta. Aliás, a palavra "andar" vai bem com a minha cara. Minha mãe me conta, que ainda bem pequena aprendi a andar, sem necessidade alguma de"andador", no tempo que eu bem quis.
Também adoro quando ela conta do meu nascimento. Todo aniversário faço ala repetir essa história. Mamãe conta que entrou no hospital e disse que eu estava nascendo. Ninguém acreditou e uma das enfermeiras mandou que ela literalmente "fechasse as pernas". Mesmo assim, eu nasci exatamente nesse momento, praticamente no corredor. Contrariando o "tempo" estabelecido pelos outros...Tudo por pura pirraça!
Aproveito então para abrir um grande parênteses para desabafar! (Eu sou marrenta, poxa! Por que a maioria dos adultos criam sobre mim uma imagem frágil, inocente, ingênua e até mesmo boba? Os adultos idealizam demais aquilo que querer crer . Aposto que os meus alunos, que convivem comigo todos os dias, não me veem assim. Ainda bem! Criança não materializa as pessoas em palavras. Criança não crê, criança vê. Criança sente.
Acho que não foi à toa que esse amontoado de fragmentos se tornaram tão significativos para mim agora. ME CONHECER, ser eu mesma, ligar o tal do "foda-se" para tudo aquilo que depositam sobre a minha pessoa. Sou tão cretina como qualquer outro ser humano, no duro).

(...)

Meu Deus. Já se passaram tanto tempo desde minha primeira bicicleta! Aquela garotinha, magrela, descabelada e insistente no que queria, onde foi parar? Ela ainda sou eu? Ainda sou ela?
Por favor garotinha, onde quer que você esteja, venha ensinar essa adulta tão desanimada e fadada a esperar por um tal de "tempo certo", que o mundo hostil insiste em gritar. Afinal, garotinha magrela, você tão pouco conhecia esse conceito, e fez tudo sempre no seu próprio tempo. Por que há um tempo fora do cronológico que somente conhecemos se ouvirmos o Deus que habita dentro de cada um de nós.
Hoje vou calar essa adulta perdida e encontrar com a minha garotinha determinada e cheia de esperança. Ela está aqui, eu sei que está.




PS.: Querida irmã pretinha, espero não tê-la desapontado...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Pedrinho, meu querido!

Ele é inteligente, crítico,
brincalhão e educado.
Compõe músicas e vive apaixonado!

Mais um, em minha coleção de crianças especiais...


Perguntei a ele:

-Pedro, quando você sabe que está apaixonado?

E ele, com o sorriso mais lindo do mundo, respondeu:

-Quando sinto mais vontade de passar perfume...


(...)



domingo, 27 de março de 2011

Ainda que eu não mereça...

DAQUI, SÓ ME RESTAM POEMAS

Um olhar, e vários risos
não se importa tanto com o poder
da fala
pois sabe o que é ser linda
e isso me fascina

Um elogio... Não. Eu não mereço
de soslaio te olhei
no fim, no meio, no começo

Passaria direto, batido
se não falasse comigo
eu falo demais,
mulheres como você me assustam
eu me perco no caminho

E daí só me restam poemas
para extravasar de meus olhos ao papel
seu cheiro que peguei rapidamente
seus olhos atentos
sua mudez
e sua beleza.

Henrique Britto


domingo, 20 de março de 2011

Escutando Seymour.

"...Seymour disse uma vez que tudo o que fazemos durante a nossa vida inteira é nos movermos de um pedacinho de Terra Sagrada para o próximo"
(página 150, JD Salinger, Pra cima com a viga, moçada! Seymour - uma introdução)

É com esse trecho do querido Salinger que inicio esse "desabafo".
Estou farta de pensar em mim 24 horas por dia. Estou sozinha, estou carente e verdadeiramente, estou um bocado egoísta, isso sim!
Sei disso por que não escuto mais ninguém. Não olho para o outro conseguindo me transportar para o lugar dele. A única coisa que faço o tempo todo é pensar o quão vítima sou da minha própria vida.
Preciso sair de foco, ser mais predicado. Quero ser importante quando me sentir doando, compartilhando, participando da vida do outro. Nem ao menos no meu trabalho tenho me dado por inteiro, e mesmo assim, ainda tenho ouvido "Você é a melhor professora que já tive..." E olha que ainda é março, e sinceramente, não mereço essas palavras vindas de um aluno meu.
Trabalho voluntário?
Não sei. Qualquer coisa que me transporte daqui, desse meu mundinho vazio, solitário e egoísta.
Nesse momento da minha vida, não quero "ser", quero "estar". Quero estar no outro num encontro verdadeiro de almas, que só fazem sentido se eu realmente sentir e me deslocar desse egocentrismo terrível no qual eu me instalei.
Vou violar essa esfera e invadir o universo fora de mim.

É hora de mudar o foco! Não quero ser o centro das atenções. Quero ser a atenção que as pessoas que me rodeiam necessitam.
Afinal, o que vale a vida se não formos um pedacinho de Terra Sagrada para o próximo?

Um dia de cada vez e não estou mais em mim.
D.


quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Delicadezas.

-Sou difícil de lembrar o nome das pessoas...
-Ah, é?! Que bom que se lembrou do meu...
-Não precisei me lembrar do seu nome. Eu não me esqueci dele...
-E qual é a diferença?
-A diferença é que para lembrar é preciso de um mínimo de esforço, mas quando não se esquece, não. Antes mesmo de você pensar ele está alí...


segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Doce.

Dançava sozinha. Ele chegou, e me disse no ouvido:
_Demorei, mas consegui chegar! Pegue aqui! (com a garrafa de cerveja e o copo plástico em uma das mãos, e um outro copo na outra mão).

(Ele me apontava com o queixo pra pegar o copo plástico).

Eu o peguei, e então:

_O quê é?
_Uma pinguinha (...) com açucar...

Dei um gole sutil, (com receio por não saber o sabor).
Olhei para o fundo do copo...

_Nossa, é doce mesmo!
_Lógico que é. Fiz especialmente pra você!
_Sério? Foi especialmente para mim?
_Sim...bom, né?
_Muito bom, obrigada!

Abaixei a cabeça, um pouco tímida. Ergui novamente. Seus olhos se encontravam com os meus. As faces já estavam bem próximas. O ar, um do outro, já se fundiam num pequeno espaço de uma cristalizada bolinha de sabão.
O mais doce estava por vir.
Quando me dei conta, estava no último gole do copo.
Mas não foi do último gole que a bebida mais doce eu provei.

A saliva agora era puro mel.

Do amargo, a vida vem me presenteando não apenas com um doce, mas com divinas vertentes dele.



segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Música que lhe beija a boca


Era uma noite anormal de verão. Anormal porque não chovia, mas estava bastante quente e sensual.
Uma noite de verão sensual é aquela que você debruça na janela do seu quarto, solitária, e pensa assim ‘essa noite está convidando para entregar-me a ela’.
E então, com esse desejo jogado no universo, o telefone tocou.
Era o convite da noite. O convite que faltava para espalhar pelo quarto, roupas diversas, maquiagens, secador de cabelo ligado, sapatinhos, colares, brincos, anéis e tudo o que uma mulher precisa para ficar arrumada.
Ela se emperiquitou toda. E se sentia especialmente bonita, apesar de ter acordado com a péssima descoberta de que, seu recente ex-marido, já se exibia com outra por todos os lados da cidade.
Mesmo assim, ela se sentia especialmente bonita.
A campainha tocou. Ela desceu saltitante, aquelas escadas do velho prédio onde morava.
Então, um belo garoto a esperava. Garoto o qual ela já havia experimentado o sabor dos lábios. Mas sem muita pretensão, (até por tamanha tristeza sentida pela manhã), ela entrou em seu carro e partiu.
Chegando ao local, um barzinho de música românica, encontraram-se com outros amigos. Conversaram, riram, dançaram, cantaram (aquelas músicas cheias de dor de cotovelo) e beberam. Ela bebeu tequila, misturando-a com toda cerveja bebida antes.
Era o passo inicial de uma grande noite. A noite mais exótica da vida dela.
O momento de ir embora chegou rapidamente, (pelo menos era assim que ela se lembrava), e ele a conduziu até o carro.
O trajeto até a casa foi pouco percebido por ela, que ao abrir os olhos e avistar a portaria do prédio o olhou e disse:

-Mas eu não quero dormir...

Ele, um cavalheiro, a convidou então para uma volta pela cidade. Ela mais do que de pressa aceitou.
Ao pararem no primeiro semáforo eles se olharam. Ela colocou docemente a mão em sua nuca e os olhares continuaram fixos um no outro. Ele, delicadamente, desceu do volante sua mão direita, até a perna esquerda dela.
Foi aí que ela notou que para esse momento havia uma trilha sonora. Enquanto ele dirigia o carro, (sempre com a mão na perna dela), cantava de maneira tão bonita, acompanhando a música que tocava.
Uma música até então desconhecida por ela. Uma música que ela, (somente ela nesse momento), o ouvia cantar, com tanto charme.
E ela o olhava com tanto apreço, com tanta admiração, que nem a tequila lhe tirou da lembrança, aquele momento, do garoto charmoso, cantando enquanto acompanhava aquela música deliciosa.
O carro parou. A tequila começava a atrapalhar um pouco a lembrança do primeiro beijo da noite.
Mas o beijo aconteceu. E eles se entregaram ao beijo com tamanho desejo, que já não se viam mais em um espaço físico público, como a rua.
Não, eles não eram apaixonados um pelo outro, mas o beijo era apaixonante. Um beijo que envolvia boca, bochecha, pescoço, mãos, peles, corpos colados, cabelos, braços, abraços, olhares...
Um beijo com entrega! Sem pudor e sem rédeas. Um beijo sem tempo para acabar, eloquente, quente. Mais íntimo do que dois corpos nus, numa cama qualquer.
Um beijo com trilha sonora, que por tempo demais não saiu da lembrança dela.
Uma música, que agora é mais que melodia, letra e canção.
Uma música que não só lhe toca o ouvido, como também lhe beija a boca.

A noite acabou cedo. As noites, os dias, sempre acabam. Mas o beijo...

domingo, 23 de janeiro de 2011

Agora.

As paredes desse apartamento não me prendem mais.
Caiu-se as cortinas.
Escancarou-se as janelas.
Acabou-se a espera.

Hoje estou em queda, mas em queda livre.


:)

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A espera do "N"

Iniciei a viagem com o pensamento na letra M.
Acompanhada das três mulheres, com as quais passei toda a minha vida.
Eis então que surge o 1° grande M.
O M. de Mulheres.
M.ulheres na estrada, ao som de R.E.M.
Érica no volante, Kelly no co-piloto, mamãe e eu, no banco de trás.
M.amãe, o M., pra lá de especial!
A cada instante com ela, a descoberta de uma mulher corajosa, disposta, aventureira e acima de tudo isso, uma mãe amiga. Que olha nos olhos, que diz sempre a palavra certa, que ri o tempo todo, e com a mesma intensidade, chorou comigo, compartilhando a "ferida aberta".
Foi ela, a responsável por nos acordar toda M.anhã.
O M. de M.anhã. Manhã de sol em Ubatuba! Para contrariar toda a fama da cidade e toda essa catástrofe de chuva, em tantos lugares do Brasil.
Deus quisera que o astro rei nos contemplasse com toda excelência de sua poderosa luz.
Logo no 1° dia de praia, outro M. surgia: o bar do M.ID.
No 3° dia, expectativa para a chegada de mais um M. importante, a M.eire.
Com a chegada dela, a chegada também de muita M.agia.
Entardecer, M.aresia, alguns novos "colegas"... M.eninos!
Debate com eles nas areias da praia. M.eninos x M.eninas: sobre o amor, relacionamento, atitude, traição, fidelidade, entrega, conquista, M.áscaras, jogos, falsidade e outras coisinhas mais. Resultado do debate, concluído por nós todos:
A "culpa", não está no sexo feminino ou no masculino, mas sim na complexidade do relacionamento humano.
E cá entre nós, não vivemos sem essa M.istura M.ística do contato, de viajar no universo de um outro ser. Queremos sempre adentrar, entender, responder perguntas, ainda que para nós seja sempre desconhecida.
Escrevi a pouco a palavra M.ística, e me dei conta de mais esse M.
A M.ística que nos envolve, que nos M.ove. A M.ística que nos impulsiona a olhar nos olhos de alguém e nos sentir atraídos, sabe-se lá por qual razão, ou ausência total dela. De onde nasce, e também como M.orre essa reação explosiva e fascinante?
Mas para que tantas perguntas inúteis, se a única coisa que realmente importa e queremos no M.omento é vivê-las. Queremos viver todas as perguntas, mesmo que não haja dedo apontando a direção.
M.omento! E não é preciso dizer que esse M. sempre me envolve profundamente.
A chegada de uma pessoa-cometa (aquela que, como dizia o poeta, "vai passar"), nos deixa com aquela deliciosa sensação de borboletas no estômago. E ainda que saibamos não pertencer a aquele cometa, é sublime saber que estamos alí, no respectivo M.omento. Isso não é M.aravilhoso?
É, percebo agora que começo a colecionar pessoas-cometas. E isso, não é de todo ruim, não. Agora falo somente do lado bom, bonito e raro.
Sim, são pessoas-cometas. Cada uma delas com sua bagagem num espaço livre e infinitamente singular, impossível de carregarmos fisicamente, sendo nós mesmos dotados da nossa própria, (ainda que diferente), bagagem. Estando sempre de M.alas prontas a percorrermos M.undo afora e pessoas adentro. Mesmo que por um M.omento.
Praia, M.ar, M.omento, mais um M.omento!
Fecho os meus olhos e "ele" está lá na praia. Com ele toda sua bagagem, e por incrível que pareça, carregando justamente a letra M. no nome. No nome de alguém que agora é anônimo.

Pensando bem, não tem como N.egar. Reconheço agora que depois do M. sabemos que o N. sempre vem. (É preciso não fugir daquilo que desejo para mim!).
E eu guardo ou aguardo, desde sempre, esse N!
O finalmente N. O N. que espero! (Que é M.uito M.ais que só M.omento, ainda que tenha toda essa M.agia, descrita a pouco por M.im)

O N de nós (com letra minúscula, sem necessidade alguma da separação de um ponto final).

Boa noite, Day.







segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Brilho eterno de uma mente *de* lembranças


Durante todos esses dias, tenho entrado aqui para ler novamente o meu primeiro texto.
Algo nele me incomoda, não soa muito bem. Talvez fosse melhor deletá-lo? Jogá-lo fora?
Não farei isso. As pessoas tem mania de apagar aquilo que fez, como se isso mudasse alguma coisa. Sim, estou alí naquele texto, foi eu quem escreveu. Mas, honestamente, ele não é de todo "eu".
Talvez meu impostor? (Como é difícil assumir isso!)

Sou um bocado nostálgica (quem me conhece, sabe bem disso), o passado me compõe tudo que sou hoje, todo sentimento bom que já senti, que ainda sinto, se refere ao meu "passado". O certo seria dizer que, um de meus desejos é que meu verdadeiro "eu" venha ainda incorporar o meu "primeiro texto". Mas por enquanto, (tenho que ser honesta comigo mesma e não sei bem como fazer isso...), sou ainda o ontem, o antes, o outrora...

O fato do meu texto não me refletir sinceramente, nesse momento, é que meu coração é só saudade. Uma saudade indescritivelmente mais forte do qualquer um dos meus "eus".
É uma saudade física, química, absurda, gigantesca, espiritual. Diria que minha saudade é alguém com nome, de carne e osso, e que eu ainda faço de minha morada.
Uma morada da qual estou longe, e isso nunca doeu tanto.
Deveria bastar, fechar os olhos e ver o seu sorriso. Me esforço para isso, mas por que está tão difícil, meu Deus?

Ele invade as músicas que escuto, está no violão, nas fotografias da minha memória, está nas palmas de minhas mãos, por todo o meu corpo, está no olhar da criança que me olha, nas sacolas que balançam, no tempo, no vento.
Ele é aquilo que não cabe palavra. Nem cabe no grito, e muito menos no silêncio.

Mas ainda assim, que eu não saiba descrever, ninguém como ele cabe tanto naquilo que não tem nome.



domingo, 2 de janeiro de 2011

Restaurar.

Hoje me dei conta que já posso usar o termo "no ano passado".
E quando abri os lábios para pronunciar esse termo, (com pensamentos vividos em tal momento), isso me soou muito bem.
A passagem do ano foi realmente um marco. O final, ou visto de um modo próspero, o momento inicial do recomeço, a restauração de uma nova vida.
Para esse momento de passagem preparamos (alguns amigos e eu) uma casinha muito aconchegante, com direito a terra, gramado, cachorro, tartaruga, galos cantando de manhãzinha, uma mangueira maravilhosa que me carregou em seus galhos e, principalmente, um espaço perfeito para exercitar a plenitude de estar em paz.
Ficamos "confinados" nela, praticamente dois dias, repletos de carinho, riso, amor, paixão e é claro, muita cerveja :)
Durante esse tempo lá, ora refletindo, ora conversando sobre a vida, ora prestando atenção na música, ora sentindo o prazer imenso em estar descalça e de vestido cumprido, (amassado e sujo, como o de uma menina que brinca, sem se preocupar com aquilo que veste), novos sentimentos recomeçaram a transbordar a casinha que existe dentro de mim (isso é restauração!).
Um abraço não esperado, me fez sentir que o outro é importante.
Uma bebida compartilhada, me fez sentir que valerá a pena brindar a vida.
Olhar para as minhas irmãs distribuindo gestos de carinho, me fez sentir que nunca estarei só.
Ouvir bobagens e rir de idiotices até a barriga doer, me fez sentir que a graça é dádiva divina.
Deixar que um garoto de olhos apaixonantes pegasse na minha mão de novo, me fez continuar sentindo que há pessoas que agregam, que conspiram para me fazer feliz. Não importa se por um momento. Isso não existe para o sentimento, da casa do "intro".
Ser beijada docemente, com lábios, olhos, respiração ofegante, carinho no rosto e até mordidas na bochecha, me fez sentir que continuo em busca de "beijos intermináveis até que os olhos mudem de cor".
Estar rodeada de pessoas diferentes de mim, me fez sentir que realmente, Deus habita nesse pequeno intervalo entre mim e o outro.
O coração está cheio de esperanças, de reflexões positivas, de fé em Deus e de abertura de portas, janelas e qualquer buraquinho que estiver escondido aqui dentro dessa "casinha" de espaço ilimitado, para um porção de sintomas de vida.
É devido a tudo isso, que decidi prosseguir com as palavras, os textos e as imagens de minha vida, em um outro endereço de blog. O de nome "dayamoraes", porque há em mim um prazer enorme em ser eu mesma.

Satisfação enorme em estar mais do que viva.
Prazer, 2011, aí vou eu.