quinta-feira, 28 de abril de 2011

Página do diário.


Acabo de abrir o meu diário para escrever e, como sempre, tenho a terrível mania de sempre reler minhas últimas confidencias. Então não consegui escrever nada. Só fiquei passeando os olhos por aquelas palavras que saltaram para a cabeça, o coração e as mãos. E são delas que vão as seguintes palavras de lá. Pela primeira vez, vou publicar uma página do meu diário...

Campinas, 10 de abril de 2011

Ao penúltimo romance.

Acabei de escrever o local e data acima e fiquei um tempo refletindo nisso.
Vou ser direta. Hoje comemoraria 6 anos de namoro.
Como uma história bem narrada, com uma bela direção, fotografia, imagem, roteiro e dois personagens principais, volto ao início e percorro em questão de segundos o caminho até onde estou.
Bem, por incrível que pareça não chorei (ainda).
Não me sinto triste também. Parece que de repente algo em mim comemora, mesmo que sozinha, tudo aquilo que passamos, e que sempre estará naquele lugar em que "só nós conhecemos, até ir na lua e de volta".
Acho sim, um tanto estranho a forma como tudo terminou. Às vezes, ainda acordo e acho que estamos juntos. Que ao cair da tarde ele vai me mandar mensagens carinhosas. Que vai querer saber como foi minha aula e até mesmo perguntar de algum aluno, que de tanto me ouvir falar, já tomou certo afeto.
Às vezes, no escuro do quarto, deitada para dormir, ainda acho que só fecharei os olhos para realmente dormir, depois do seu "boa noite", tão amoroso, pelo telefone.
(Maldito telefone!)
Às vezes também fico recordando passo-a-passo do nosso último encontro. Da última noite de amor. De acordar nessa última noite pela madrugada e sentir seus olhos em mim, me admirando, com um carinho nos cabelos (seria já sua despedida?).
Me lembro daquela manhã, que chovia uma garoa fina e fria. Descendo a XV de Novembro, abraçados debaixo de um só guarda-chuva. Descemos em "silêncio", aquela que seria a última descida juntos. O último beijo, meu último e seu penúltimo "até logo, amor". E por fim, o último abraço. Ah, se eu soubesse que aquele abraço seria o último, teria levado mais tempo e o feito perder o ônibus de volta a cidade grande.
Sim, agora eu já estou chorando.
O coração ainda acha que foi trote de mau gosto. Que o "roubaram" de mim.
O tempo sem vê-lo me traz a saudade do que ficou, do que em mim permaneceu intocável, como a primeira vez que o vi.
Saudade que ainda se faz maior, maior até do que a ferida que o tempo "depois" me fez.
Ele hoje está feliz! Eu compactuo com o desejo no Universo para que ele seja sempre feliz. E no duro, fico muito orgulhosa de mim, por depois de tudo, desejar realmente isso a ele.
Talvez, tenha sido mesmo melhor não ter ouvido de seus lábios e visto em seus olhos o "adeus" que, embora ainda falte, nunca se fez tão presente a cada fim do dia.
Agora, seco as lágrimas singulares e com o sorriso que me deu antes daquele show, nesse mesmo dez de abril, seis anos atrás, procuro sentir de novo que um dia compartilhamos o amor apaixonado. O amor que me fez deixar tudo que era certo, seguro, que me fez quebrar preconceitos e padrões de vida. Que me fez conhecer "cellar door" e me ensinou a buscar o infinito. Que, enfim, ainda hoje, me faz aprender que o amor é construção, é tempo de convivência. O amor são fotografias amareladas, por todos os cantos de uma cidadezinha do interior. Me ensina sobretudo que o amor veio com ele (matéria), mas não vai embora nunca. Porque a maior prova de que entre nós o amor existe é que, ainda que o amor necessite de "asas nos seus pés, ele também mostra que existe alguém para me libertar.

Sinceramente, faria tudo de novo. E de novo.

Um brinde por nós dois!
Um brinde, ao nosso penúltimo romance.

D.


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