sexta-feira, 29 de abril de 2011

Aos moderninhos e moderninhas.

Que me perdoem os mais moderninhos e moderninhas, mas não há nada mais asqueroso, horroroso do que o termo "A fila anda".
Fico pensando, "que raio de fila é essa?"
Quando essa frase chega aos meus ouvidos, eu logo visualizo os meus alunos me implorando pra não andarem mais em fila. Todo mundo odeio fila. Ou tem algum trouxa aí, feliz em fazer parte de uma fila?
Sim, sim, eu sei. A frase é uma analogia com o fato das pessoas NÃO criarem vínculo algum, uma com as outras. Devo admitir, uma perfeita analogia, não tenho dúvida! Por que oras, não há vínculo em uma fila! Uma fila é um e nunca dois. E acredite, nesse tipo de fila, (que os mais moderninhos e moderninhas adoram abrir a boca pra dizer), ninguém é o primeiro da fila, nem nunca será. Você olha pra frente e vê o outro de costas pra você, enquanto atrás de você, existe alguém que nunca saberá as cores da sua verdadeira face.
(...)
Bem, digam o que quiserem, cada um com seu modo de viver, eu não tenho nada com isso. Só não me digam que [eu] estou numa fila, e pior ainda, que "a fila anda". Como se o fato de um corpo no espaço mudar de lugar, ter qualquer relação com aquilo que se sente. Tsc, tsc, tsc!
Para estar numa fila é preciso se posicionar em uma. E sinceramente, jamais estarei em fila alguma desse tipo. Sou livre demais pra estar alinhada como boi numa vaquejada.
Então, por favor, ninguém me diga uma coisa dessas. Meu coração não anda em fila, portanto, moderninhos e moderninhas de plantão, não me incluam em uma!
Obrigada!

D.



quinta-feira, 28 de abril de 2011

Página do diário.


Acabo de abrir o meu diário para escrever e, como sempre, tenho a terrível mania de sempre reler minhas últimas confidencias. Então não consegui escrever nada. Só fiquei passeando os olhos por aquelas palavras que saltaram para a cabeça, o coração e as mãos. E são delas que vão as seguintes palavras de lá. Pela primeira vez, vou publicar uma página do meu diário...

Campinas, 10 de abril de 2011

Ao penúltimo romance.

Acabei de escrever o local e data acima e fiquei um tempo refletindo nisso.
Vou ser direta. Hoje comemoraria 6 anos de namoro.
Como uma história bem narrada, com uma bela direção, fotografia, imagem, roteiro e dois personagens principais, volto ao início e percorro em questão de segundos o caminho até onde estou.
Bem, por incrível que pareça não chorei (ainda).
Não me sinto triste também. Parece que de repente algo em mim comemora, mesmo que sozinha, tudo aquilo que passamos, e que sempre estará naquele lugar em que "só nós conhecemos, até ir na lua e de volta".
Acho sim, um tanto estranho a forma como tudo terminou. Às vezes, ainda acordo e acho que estamos juntos. Que ao cair da tarde ele vai me mandar mensagens carinhosas. Que vai querer saber como foi minha aula e até mesmo perguntar de algum aluno, que de tanto me ouvir falar, já tomou certo afeto.
Às vezes, no escuro do quarto, deitada para dormir, ainda acho que só fecharei os olhos para realmente dormir, depois do seu "boa noite", tão amoroso, pelo telefone.
(Maldito telefone!)
Às vezes também fico recordando passo-a-passo do nosso último encontro. Da última noite de amor. De acordar nessa última noite pela madrugada e sentir seus olhos em mim, me admirando, com um carinho nos cabelos (seria já sua despedida?).
Me lembro daquela manhã, que chovia uma garoa fina e fria. Descendo a XV de Novembro, abraçados debaixo de um só guarda-chuva. Descemos em "silêncio", aquela que seria a última descida juntos. O último beijo, meu último e seu penúltimo "até logo, amor". E por fim, o último abraço. Ah, se eu soubesse que aquele abraço seria o último, teria levado mais tempo e o feito perder o ônibus de volta a cidade grande.
Sim, agora eu já estou chorando.
O coração ainda acha que foi trote de mau gosto. Que o "roubaram" de mim.
O tempo sem vê-lo me traz a saudade do que ficou, do que em mim permaneceu intocável, como a primeira vez que o vi.
Saudade que ainda se faz maior, maior até do que a ferida que o tempo "depois" me fez.
Ele hoje está feliz! Eu compactuo com o desejo no Universo para que ele seja sempre feliz. E no duro, fico muito orgulhosa de mim, por depois de tudo, desejar realmente isso a ele.
Talvez, tenha sido mesmo melhor não ter ouvido de seus lábios e visto em seus olhos o "adeus" que, embora ainda falte, nunca se fez tão presente a cada fim do dia.
Agora, seco as lágrimas singulares e com o sorriso que me deu antes daquele show, nesse mesmo dez de abril, seis anos atrás, procuro sentir de novo que um dia compartilhamos o amor apaixonado. O amor que me fez deixar tudo que era certo, seguro, que me fez quebrar preconceitos e padrões de vida. Que me fez conhecer "cellar door" e me ensinou a buscar o infinito. Que, enfim, ainda hoje, me faz aprender que o amor é construção, é tempo de convivência. O amor são fotografias amareladas, por todos os cantos de uma cidadezinha do interior. Me ensina sobretudo que o amor veio com ele (matéria), mas não vai embora nunca. Porque a maior prova de que entre nós o amor existe é que, ainda que o amor necessite de "asas nos seus pés, ele também mostra que existe alguém para me libertar.

Sinceramente, faria tudo de novo. E de novo.

Um brinde por nós dois!
Um brinde, ao nosso penúltimo romance.

D.


sábado, 23 de abril de 2011

Tamanho do que tem pra dar.

Um abraço que me curva toda a cintura
Um beijo que me seca a amargura
Um sorriso sem juízo
Uma música que canta tão bonito.
Uma palavra ausente,
por que nada sente?
Isso você tem pra dar.

Não quero pensar em mais.
Não quero idealizar mais,
Pra que contar com o azar?
Aceito sim, o tamanho do que tem pra dar
Nem precisa marcar, é só me olhar
deixar o coracao falar.
Falar, se tiver realmente pra dar...





quarta-feira, 20 de abril de 2011

Marcas do tempo.

Daqui algumas horas pretendo viajar. Digo "pretendo" porque ainda não me decidi. Não sei realmente se devo ir. O coração diz "Vai sim, e entregue-se, aproveite o momento", a razão diz "Não vá!". Mas essa é outra história!
O fato é que, eu precisava de uma mochila menor para evitar levar tanto "peso", e acabei encontrando uma mochila que num tempo "passado" dei de "presente". Olha só essa palavra "presente"! Era pra estar presente para a pessoa a quem se destinou, não era? Mas como diz Allanis "a vida tem um jeito engraçado de aprontar com você...". O consumado "presente" é que eu acabei com essa mochila. E a mochila que era minha, acabou fazendo parte da última lembrança, daquele dia do "adeus", que somente meus ouvidos escutaram "até logo"...

Enfim, quando abri a mochila, achei uma cartinha escrita por mim que, só pra constar de novo, foi dada de "presente". Está comigo, mas não é minha.
Ou será que é minha agora?

Ela diz assim:

"É hora de arrumar as malas.
Sei que você vai cheio delas: uma com camisetas sujas, meias imundas, cuecas (essas limpas, eu espero - hehehe), enfim, malas lotas e pesadas.
Mas se você for parar pra pensar, aquela mochila que levamos nas costas contém sempre as coisas mais importantes. Simples, mas essenciais para que a nossa viagem fique menos angustiante: um livro (que nunca terminara de ler, mas que leva consigo uma fotografia dentro :)); um caderno, que você pode escrever tudo o que estiver sentindo (e que carrega uma mensagem de amor na contra capa); o seu terrível e inseparável maço de cigarros; sua carteira; e até uma cartinha escrita sob a inspiração de sua própria mochila.
E essa mochila ainda pode ir contigo em todas as paradas que o ônibus der, (durante uma viagem, vai ser ela quem estará sempre com você).
Além de tudo isso, essa mochila é a única coisa que você vai precisar, se por acaso uma saudade apertar...
Escolhi seu presente com o coração.
Espero que goste.
Um beijo terno,
Dayane

Piracicaba, 21 de dezembro de 2005.
(ouvindo radiohead - "High and dry")

Revendo e relendo essa cartinha entendo o porquê sempre tive a maior preocupação em colocar data em todos os meus manuscritos. E não só nos meus, nos que recebia dele, também. Ele sempre dizia que não precisava de data. Eu nunca deixei de colocar.
No fundo, bem lá no fundo, eu queria guardar a data, pra saber que um dia aconteceu, que foi real. Que foi verdadeiro.
Mas agora, o que me importa esses números do calendário gregoriano, na ordem dos acontecimentos da minha vida?

(Puxa! Como sempre, ele continua com a razão).

E eu, o que faço com essa mochila que voltou obedecendo minhas próprias palavras
"é a única coisa que vai precisar se por acaso, uma saudade apertar"?
Ela contém apenas a cartinha.
Mas, não tenho dúvida. Se resolver viajar, vou mesmo com a mochila maior.
Sou incapaz de carregar a mochila menor com tamanho peso.

...

Daya, (sem data).








quarta-feira, 13 de abril de 2011

Febre de viver de uma garotinha.

Minha irmã me pediu para escrever um texto esperançoso. Que grande desafio! Será que eu consigo?

Bem, o pensamento não foi muito longe até que procriasse, nos meus instintos, um texto, ou mesmo poucas palavras com tal poder, não sei se esperançoso, mas pelo menos real.
Me recordei de hoje cedo. Enquanto comia o meu lanche na sala dos professores e ouvia duas mães conversarem. Uma se queixava com a outra sobre o fato de seu filho, de uns sete anos, (imagino) ainda não conseguir andar de bicicleta. Então de repente, minha infância veio atravessar o meu mundo adulto.
Primeiro, porque uma das primeiras coisas materiais que desejei, foi uma bicicleta. Não uma bicicleta qualquer, mas uma "Ceci", grande, de cor rosa. E levei um bocado de tempo até conseguir uma. Embora não tenha realmente levado um bocado de tempo.
O fato é que, quando se é criança, a noção de tempo não é parecida com a de hoje, como quando sentimos a dor de uma separação, desilusão. O tempo então parece interminável, ainda que só tenha passado 24 horas. Mas nesses anos incríveis não. Nesses anos incríveis, o tempo não vinha acoplado com a ideia de esperar, e sim de conquistar, ou melhor, de ESPERANÇAR! Vibrar quando passava numa loja e avistava aquela que já afirmava "minha bicicleta". Era o tempo de desejar!
Enfim, não levou tanto tempo e logo adquiri a bicicleta.
Segundo, porque me recordei que quando criança, não precisei de rodinha e de alguém para segurar a bicicleta enquanto eu tentava as primeiras pedaladas.
Me lembro claramente, do meu pai e eu estarmos numa pracinha. Eu, com a bicicletinha vermelha de uma das minhas irmãs. Papai me falou um pouco de equilíbrio e de olhar sempre distante, nunca para a roda ou para o chão. Então, sem me segurar nem nada, eu dei as primeiras pedaladas. Tortas e desajeitadas, mas dei. E não me lembro de ter caído nesse período de aprendizagem. Mas é claro, levei belos tombos depois que já me sentia íntima e segura na minha bike, (como tudo na vida, não existe segurança. O mundo não é seguro, a vida é sempre um grande risco, e que delicioso sintoma de viver!).
O mais curioso é que não tenho mesmo lembrança de sentir dificuldade em aprender a andar de bicicleta. Aliás, a palavra "andar" vai bem com a minha cara. Minha mãe me conta, que ainda bem pequena aprendi a andar, sem necessidade alguma de"andador", no tempo que eu bem quis.
Também adoro quando ela conta do meu nascimento. Todo aniversário faço ala repetir essa história. Mamãe conta que entrou no hospital e disse que eu estava nascendo. Ninguém acreditou e uma das enfermeiras mandou que ela literalmente "fechasse as pernas". Mesmo assim, eu nasci exatamente nesse momento, praticamente no corredor. Contrariando o "tempo" estabelecido pelos outros...Tudo por pura pirraça!
Aproveito então para abrir um grande parênteses para desabafar! (Eu sou marrenta, poxa! Por que a maioria dos adultos criam sobre mim uma imagem frágil, inocente, ingênua e até mesmo boba? Os adultos idealizam demais aquilo que querer crer . Aposto que os meus alunos, que convivem comigo todos os dias, não me veem assim. Ainda bem! Criança não materializa as pessoas em palavras. Criança não crê, criança vê. Criança sente.
Acho que não foi à toa que esse amontoado de fragmentos se tornaram tão significativos para mim agora. ME CONHECER, ser eu mesma, ligar o tal do "foda-se" para tudo aquilo que depositam sobre a minha pessoa. Sou tão cretina como qualquer outro ser humano, no duro).

(...)

Meu Deus. Já se passaram tanto tempo desde minha primeira bicicleta! Aquela garotinha, magrela, descabelada e insistente no que queria, onde foi parar? Ela ainda sou eu? Ainda sou ela?
Por favor garotinha, onde quer que você esteja, venha ensinar essa adulta tão desanimada e fadada a esperar por um tal de "tempo certo", que o mundo hostil insiste em gritar. Afinal, garotinha magrela, você tão pouco conhecia esse conceito, e fez tudo sempre no seu próprio tempo. Por que há um tempo fora do cronológico que somente conhecemos se ouvirmos o Deus que habita dentro de cada um de nós.
Hoje vou calar essa adulta perdida e encontrar com a minha garotinha determinada e cheia de esperança. Ela está aqui, eu sei que está.




PS.: Querida irmã pretinha, espero não tê-la desapontado...

terça-feira, 5 de abril de 2011

Pedrinho, meu querido!

Ele é inteligente, crítico,
brincalhão e educado.
Compõe músicas e vive apaixonado!

Mais um, em minha coleção de crianças especiais...


Perguntei a ele:

-Pedro, quando você sabe que está apaixonado?

E ele, com o sorriso mais lindo do mundo, respondeu:

-Quando sinto mais vontade de passar perfume...


(...)