quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Guardando a colcha de retalhos.

A vida da gente é meio como uma colcha de retalhos. Vamos compondo um tecido no outro, e quando vemos é uma mistura de cores, texturas e tipos de tecidos. Retalhos não precisam combinar.
Como nossa vida, vão se tecendo uma época em outra, divididas apenas pela sutil linha do tempo.
Onde há costura, há junção de partes, e ironicamente, há também a separação.
De um lado uma costura, de outro lado, outra. Tudo isso, em decorrência simplesmente de uma coisa só: nossa vida. 
Pessoas, cidades, momentos, casas, amigos, amores, namoros, verdades e mentiras, cada coisa dessa, um pedacinho de vida, uma costura grande, mas todos de tamanho quase sempre finito. Justamente por isso, "pedacinhos" é que compõem uma colcha de retalhos. 
Sendo colcha, nos pegamos constantemente com ela no colo. E alguns pedaços acariciamos, outros admiramos, outros sentimos orgulho e damos graças por ter superado, outros dedilhamos com a palma bem leve e suave, outros levamos bem perto da face para sentir o cheiro, outros queremos fechar os olhos e só simplesmente observar; como obra de arte; como o pôr-do-sol ou como a maré ao final da tarde. 
Acho que isso é sintomas de algo que percorre nossa vida, que faz do ontem, ontem, do hoje, hoje. Falo da saudade... 
Até que ponto é saudável viver recordando pedacinhos dessa colcha de retalhos da nossa vida? 
Acho que não quero mais viver de nostalgia. 
Querer voltar é utopia, até porque no fundo mesmo, não queremos voltar. Olhar pra isso tudo, com esperança de um futuro de tecidos melhores, mais resistentes, mais abrangentes, talvez seja um bom caminho. 
Não. 
Eu não quero mais uma colcha de retalhos. Eu quero uma colcha integral para me vestir. Quero me despir de retalhos velhos.
Esse corpo anda cansado demais de só lembrar, lembrar e lembrar... Estou mesmo cansada.

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